domingo, 4 de janeiro de 2009

«Seria muito positivo que o quinto canal fosse do Norte»

A chegada da televisão digital pode alterar o actual panorama televisivo?
A televisão digital pode desencadear formas de participação dos telespectadores como aquelas que estão actualmente a ser ensaiadas na RTPN - em que o público pode intervir através de uma questão lançada num blogue -, mas isso é insuficiente.

Por outro lado, não podemos esquecer que a ágora de debate televisivo precisa de pessoas que discutam presencialmente. Ainda que isso possa ser feito à distância, através da junção de múltiplos ecrãs. Que se juntariam numa única emissão.

É preciso que as redacções percebam que o pensamento crítico não se situa apenas na capital. Ora, a evolução tecnológica permite cada vez mais a aproximação de realidades geográficas afastadas.

Tendo a não simpatizar muito com teses do determinismo tecnológico. A tecnologia poderá abrir um conjunto de possibilidades de participação, mas só por si isso não vai implicar uma mudança profunda.

O aparecimento da televisão digital não transformará de forma radical o panorama que actualmente existe, porque as chefias continuarão a ser as mesmas. Para haver uma mudança substancial, para que possamos ter outra televisão do real e outro espaço público mediático, é preciso que as redacções comecem a pensar de uma forma diferente.

Que impacto poderá ter o novo canal generalista?
Não sou contra a abertura de um novo canal, mas não acho que o seu surgimento vá ser miraculoso. Seria muito positivo que o quinto canal estivesse sediado no Norte, congregando sinergias de outros projectos editoriais, nomeadamente de outros meios.

Seria interessante uma perspectiva diferente, que destruísse a ideia de que as cabeças pensantes estão apenas em Lisboa. Basta olhar para as universidades para ver que tem havido uma descentralização do saber... Há uma realidade vastíssima que actualmente a TV do real não comporta, nem sequer conhece. O que enviesa o retrato social do país que somos.

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