sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Que futuro?



Habituados a viver acontecimentozinhos, hoje vamos viver um Acontecimento que ficará para a nossa história colectiva, com consequências que só o tempo dirá. 

Ainda antes da cerimónia do Brexit, hoje, em Londres, estão bem vivos na nossa memória os últimos instantes de alguns eurodeputados britânicos no Parlamento Europeu. 

Acredito que muitos, depois de um momento de vergonha alheia, terão sentido um enorme alívio por não serem os nossos representantes.... Só que nada nos garante que, um dia, alguém não fará o mesmo em nosso nome...

Na falta de grandes estadistas, temos assistido à proliferação dos populistas. «There is a battle going on, in the west and elsewhere. It is globalism against populism. And you may loathe populism, but I’ll tell you a funny thing, it’s becoming very popular», disse Nigel Farage no Parlamento Europeu. E sabe do que fala. Ignorar esta realidade não terá, certamente, bons resultados.

Há quem ache que depois da saída do Reino Unido, tudo ficará igual. Com mais ou menos discussão sobre o que vai acontecer depois do período de transição, business as usual... 

O problema desta visão optimista é que o projecto europeu está longe de ser perfeito. A questão central é saber se terá capacidade de se reinventar depois de alargamentos atrás de alargamentos, mas sem nunca ter conseguido chegar ao coração dos europeus. Quantos estão dispostos a defender a sua pátria e quantos estão dispostos a lutar pela bandeira das estrelinhas?

A conferência sobre o futuro da Europa é um momento crucial, mas nada mudará se for usada a fórmula habitual: meia dúzia a falar com outra meia dúzia para depois dar em nada de substancial.

Por estes dias, o apelo “leave the light on” levou-nos até ao imaginário dos ideais europeus, de união, solidariedade e esperança. Contudo, com o actual cenário, e se nada for feito, se continuar a não haver "chama" e "alma", a pergunta mais realista é “quem é o próximo”?



quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

CESE representa a sociedade civil europeia

Criado pelo Tratado de Roma, em 1957, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) é um órgão consultivo que representa a sociedade civil europeia. Saiba mais nos artigos publicados no Diário do Minho.









segunda-feira, 30 de maio de 2016

Protagonistas europeus

A Representação da Comissão Europeia em Portugal e o Gabinete de Informação em Portugal do Parlamento Europeu promoveram uma visita de jornalistas regionais a Bruxelas. Leia os artigos publicados no Diário do Minho.







segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Colégio João Paulo II representou Portugal em Estrasburgo

O Colégio João Paulo II, de Braga, representou Portugal numa sessão do programa Euroscola, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Veja a reportagem publicada no Diário do Minho.





quarta-feira, 6 de junho de 2012

Portugal conquista troféu no Parlamento Europeu

Portugal venceu um torneio de futebol no Parlamento Europeu. Duas turmas portuguesas aplaudiram esta vitória e participaram no Parlamento Europeu Jovem. Leia os artigos no Diário do Minho.





domingo, 29 de agosto de 2010

Património natural e cultural espera visitantes na Serra d’Arga

Património natural e cultural são os trunfos que a Serra d’Arga tem para atrair os visitantes. Com a reabertura do Centro de Interpretação da Serra d’Arga esta área ficou ainda mais atractiva, uma vez que os turistas têm apoio para planear as suas actividades, que podem ir desde um percurso pedestre até desportos radicais. Vale a pena partir à descoberta... 


© Luísa Teresa Ribeiro

«Dem saúda-vos». É assim que o visitante que acaba de deixar a A28, na saída Arga São João/Dem, é recebido ao chegar à Serra d’Arga. Este é o ponto de partida para uma subida em direcção às Argas (São João d’Arga, Arga de Baixo e Arga de Cima), no concelho de Caminha.

Os olhos vão-se acostumando à paisagem à medida que se sobe na estrada com bastantes curvas que serpenteia o monte. O amarelo do tojo e das plantas invasoras – austrálias ou mimosas – destacam-se numa paisagem onde predomina o cinzento das rochas, pincelado pelo verde da vegetação, muita dela rasteira.

Do outro lado do “pai Minho”, que corre lá ao fundo em direcção ao Atlântico, o monte galego de Santa Tecla olha para a denominada “montanha santa”, uma designação que, segundo o guia de bolso da Serra d’Arga, com textos de Emanuel de Oliveira e Pedro Rita, advirá de, durante séculos, ter «permanecido inacessível e afastada dos olhares humanos» ou de «ter servido de abrigo a eremitas e anacoretas».

O primeiro objectivo é chegar ao Centro de Interpretação da Serra d’Arga (CISA), em Arga de Baixo, uma estrutura que reabriu no ano passado, depois de quatro anos encerrada. Na sequência dos grandes incêndios que atingiram o concelho de Caminha em 2005, o CISA foi encerrado e assim permaneceu até Junho de 2009.

A Câmara Municipal de Caminha procedeu à realização das obras necessárias para reabrir a antiga casa florestal, que foi adaptada em 2001 para o apoio aos visitantes da Serra d’Arga. A intervenção incluiu a substituição dos sistemas de abastecimento de energia eléctrica e de água, bem como da rede de comunicações.

Ao mesmo tempo, o projecto foi ampliado, com a criação de uma horta pedagógica e de um espaço para as ervas aromáticas junto àquele edifício, áreas que são importantes instrumentos para o trabalho com o público escolar.

O centro é, segundo a edilidade, uma estrutura «orientada para o desenvolvimento de actividades de educação ambiental, divulgação e promoção do património ambiental e cultural da Serra d’Arga, bem como para o turismo de natureza».

Este é o ponto de partida ideal para quem quer explorar a Serra, pois concentra todas as informações sobre as actividades que se podem desenvolver neste espaço, promovendo ele próprio iniciativas regulares, como trilhos pedestres (actualmente estão sinalizados os trilhos do “Cabeço do Meio Dia”, da “Pedra Alçada”, da “Chã Grande” e da “Chã da Franqueira”) ou visitas para as escolas.

Serra d’Arga integrada na Rede Natura 


Depois de alguns quilómetros, surge a dúvida sobre qual o caminho certo para chegar ao CISA e se ainda faltará muito. Eis que junto a um ribeiro se avistam três idosas, de enxada na mão, momentaneamente em posição de descanso da árdua tarefa de cortar mato, enquanto põem a conversa em dia. Certamente que poderão ajudar.

Pára-se o carro. Ao abrir a porta tem-se consciência do profundo silêncio no qual o monte está mergulhado, surpreendente para ouvidos habituados ao bulício da cidade.

A ligeira brisa provoca um arrepio, enquanto os pulmões se habituam ao ar puro. A Serra d’Arga está integrada na Rede Natura (PTCON 0039), sendo que este sítio abrange os concelhos de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo, ocupando 4.500 hectares.

© Luísa Teresa Ribeiro

Desfeitas as dúvidas – «sempre em frente, que ainda falta», tinham dito as senhoras –, prossegue-se a marcha. Mais à frente, olhando para o lado esquerdo, avista-se ao longe o Mosteiro de S. João, um dos elementos mais conhecidos da Serra d’Arga, sobretudo pela romaria que tem o seu ponto alto de 28 para 29 de Agosto e que atrai milhares de visitantes, rodeado por uma das maiores e mais ricas manchas florestais destas montanhas.

Mesmo na berma da estrada, do lado esquerdo, uma antiga casa florestal degradada quebra a harmonia da paisagem. Quantas construções deste género haverá espalhadas pelos montes a degradarem-se mais a cada dia que passa? 


© Luísa Teresa Ribeiro
(Foto com algum tempo, pelo que a casa deve estar ainda mais degrada)

Finalmente, avista-se a placa a indicar o CISA, onde minuto depois há-de chegar a EB1 de Vilar de Mouros, para uma visita à serra. O vice-presidente da Câmara Municipal de Caminha, Flamiano Martins, refere que, depois da reabertura, o centro de interpretação tem apostado no relacionamento com as escolas, preferencialmente com as do concelho, mas está igualmente aberto a todos os estabelecimentos de ensino que ali queiram desenvolver actividades.

Para além das actividades para as escolas, que podem ir desde o ciclo do pão até à floresta autóctone, esta estrutura desenvolve iniciativas para o público em geral. Depois da realização de quatro percursos pedestres, desde Janeiro, o CISA promove a 22 de Maio um ateliê de plantas comestíveis, a 6 de Junho assinalou o aniversário da reabertura e a 26 de Junho realizou um ateliê de plantas aromáticas.

A turma alinha-se em frente à antiga casa florestal para um dia diferente de aprendizagem. Depois de uma explicação prévia, entra-se no CISA, que apresenta painéis sobre o território, a paisagem, o património, a população, a fauna e a flora.

A chefe de Divisão do Ambiente da autarquia caminhense, Angelina Cunha, que lidera a visita, juntamente com Ventura Gonçalves, apresenta numa linguagem adaptada aos mais pequenos uma panorâmica sobre este território, desde as características geológicas até à ocupação humana, sem esquecer os usos e costumes.

A partir de um tear, de produtos típicos, como os enchidos ou o mel, que podem ser adquiridos, e de uma vitrina com minerais, os visitantes ficam a conhecer os usos e costumes da envelhecida população serrana, desde os tempos em que vivia quase em isolamento, subsistindo sobretudo à custa do que a terra produzia, passando pelos tempos áureos da exploração mineira.

Segue-se uma visita à horta pedagógica, criada no local onde antigamente existia a horta do guarda florestal, que tem um edifício de apoio que inclui um forno, que permite cozer pão ou assar o típico cabrito segundo os moldes tradicionais.

Moinhos testemunham antigo modo de vida


© Luísa Teresa Ribeiro

 No terreno, depois do lanche, os meninos da EB1 de Vilar de Mouros, muitos dos quais nunca tinham ido à Serra d’Arga, vão ver sobretudo moinhos, que antigamente eram muito abundantes, com intensa utilização, mas que agora estão quase todos votados ao abandono.

Segundo a documentação do CISA, a ocupação da montanha começou na época dos Descobrimentos portugueses, condicionando a paisagem. Nos finais do século XV e inícios do século XVI, quando Caminha e Viana se transformam em portos importantes, é introduzida no Alto Minho a cultura do milho, proveniente do continente americano. Com este novo alimento, surgiu a necessidade de construir moinhos junto aos principais cursos de água e, geralmente, em locais de difícil acesso.

Actualmente, o único moinho em funcionamento é o do Ribeiro, em Arga de Baixo. Os moinhos da Gândara ou Gandra, situados na margem do regato da Fraga, em frente ao lugar de Gandra, foram recuperados, mas ainda não moem. Entre os moinhos mais conhecidos estão os do Covão, tendo um o telhado em lajes de granito e outro em lajes de xisto, havendo a data “1898” gravada no seu interior. Este interessante núcleo aguarda obras de recuperação.

© Luísa Teresa Ribeiro

O CISA está a incentivar a recuperação dos moinhos, mas a dispersão dos herdeiros, o envelhecimento da população e o local onde muitos deles estão implantados tem dificultado a concretização deste objectivo.

Também ligada à cultura do milho está à construção dos espigueiros ou canastros de pedra, que se encontram dispersos pela serra e que são um dos pontos de interesse para quem quiser ficar a conhecer a Serra d’Arga. Estas construções têm características que variam de freguesia para freguesia.

Embora alguns estivessem à espera de plantar árvores e de mexer na terra, os meninos mostram-se entusiasmados com a rota dos moinhos. Beatriz diz que estava com «curiosidade» sobre o que a esperava na Serra d’Arga e que não ficou defraudada. «Estou a aprender», assegura. Também Andreia destaca a descoberta de «plantas e árvores novas» nesta aula ao ar livre, em plena montanha. Para as duas, foi uma novidade a entrada num moinho e a descoberta do engenho que faz com que a força da água transforme o milho em farinha.

Construções com engenho e arte

Quem percorre estes montes depressa fica consciente da importância da pecuária na vida das populações. Uma vaca ou um rebanho de ovelhas a andar estrada fora ou garranos a pastar no monte, com as “pás” do parque eólico em pano de fundo, ainda hoje são uma realidade na Serra D’Arga.

Da mesma forma, também é possível encontrar idosas a carregar um carrinho cheio de tojo ou a conduzir um tractor, uma vez que a agricultura e a pecuária são essenciais neste espaço desertificado e envelhecido.

Ali existe uma série de “abrigos” – construções toscas, arredondadas, feitas de pedras sobrepostas – que serviam para os caçadores que andavam no encalço dos lobos – neste território há vestígios da existência de quatro fojos do lobo – ou para os pastores pernoitarem.

Ao percorrer os núcleos habitacionais é obrigatório reparar na estrutura das casas típicas, resultado daquilo que, no guia de bolso da Serra d’Arga, é apelidado de «arquitectura sem arquitectos». Muitas habitações estão degradadas, mas há bons exemplos de como é possível actualizar o legado histórico sem o adulterar de forma irreparável.

As vedações das quintas e dos campos são feitas de xisto encastelado, o que dá uma rara beleza à paisagem, a juntar ao efeito dado pelas zonas onde há socalcos.

A serra muda com as estações do ano, apresentando a vegetação rasteira florida na Primavera e um aspecto mais agreste no Inverno, quando a água dos ribeiros se enfurece e o seu barulho faz eco na montanha.

Outro dos motivos de atracção desta serra são os pontões (destinados apenas à passagem de pessoas e animais) e as pontes (travessias que permitissem também a passagem de carros de bois). Uma das mais emblemáticas é a Ponte das Traves, em Arga de Baixo, feita com enormes lajes, tanto na base como nos lados, que se apoiam em penedos. Ainda em Arga de Baixo, perto do moinho do Ribeiro, existe a ponte Porto Carro.

Em Arga de Cima, existe o Pontão do Lobo. Esta travessia é feita de grandes pedras encaixadas umas nas outras, de tal maneira que o redondo formado pelas rochas se assemelha à curvatura do lombo de um lobo.

Quem ruma até à Serra d’Arga pode fazer actividades mais radicais, como rafting ou escalada. No Verão pode-se ver arte, na Casa do Marco, em Arga de Baixo, com a iniciativa “Arte na Leira”.
 © Luísa Teresa Ribeiro

Deixando as Argas para trás, parte-se à descoberta de Dem, com paragem obrigatória na capela da Senhora da Serra ou Senhora das Neves, que tem nas imediações um parque de merendas e proporciona uma vista magnífica sobre a parte litoral.

Santa com trajes minhotos


Depois da passagem pelo ateliê de Lurdes das Carvalhas, que se notabilizou a fazer trajes tradicionais, ruma-se a São Lourenço da Montaria, já no concelho de Viana do Castelo. O objectivo é subir, para chegar à Senhora do Minho, local obrigatório para quem vai para aquelas paragens.

As atracções principais deste local – para além da paisagem e da experiência de subir o monte – são a pequena ermida e o santuário de Nossa Senhora do Minho, um sonho que levou quase sete décadas a concretizar e que custou cerca de meio milhão de euros.

A imagem de Nossa Senhora do Minho enverga um tradicional “traje à vianesa” – fato vermelho de festa da lavradeira minhota –, com um manto azul pelas costas, e tem na mão duas espigas de milho.

O alojamento na serra é escasso, mas há uma casa de turismo de habitação em São João d’Arga – a Casa das Pires – e o refúgio de montanha, dos Celtas do Minho. Espaço imperdível é a Taberna do Horácio, em Arga de Baixo, um espaço já mítico na Serra d’Arga. Um farnel é algo a não esquecer para quem tenciona ficar algum tempo nas montanhas, a par de roupa e calçado apropriado. E, depois, pés ao caminho...

Reportagem publicada no Diário do Minho, de 19 de Abril de 2010. Mais fotos aqui.

Aproveitar potencialidades turísticas


 © Luísa Teresa Ribeiro

 A existência de uma rede composta por quatro trilhos facilita a descoberta da Serra d’Arga em condições de maior segurança, mas as actividades neste espaço não se limitam aos percursos.

A actividade mineira que foi desenvolvida nestas montanha – e ainda há empresas a manifestarem o interesse de estudar a viabilidade da exploração – é uma das área que tem potencial para ser aproveitada.

Da mesma forma, a Serra d’Arga é uma formação interessante do ponto de vista geológico, uma área que poderá atrair público especializado.

O trabalho “Serra d’Arga: a marca como vector de desenvolvimento”, apresentado por Andreia Pereira, Madalena Silva e Ricardo Pereira, no VII Congresso Ibérico de Estudos Rurais, que decorreu em Coimbra, defende que a potencialidade turística da Serra d’Arga se encontrava «subaproveitada».

Estes especialistas aconselhavam à aplicação «uma estratégia de marketing que privilegie a procura de novos consumidores sem descurar os poucos, mas sempre importantes, já existentes; o desenvolvimento de novos produtos turísticos e o aperfeiçoamento dos actuais, bem como uma boa divulgação de ambos».

«Defendemos que no posicionamento estratégico da Serra d’Arga face ao mercado deve constar uma atitude de líder naquilo em que única e inovadora (paisagem construída, riqueza patrimonial, a título exemplificativo) e uma atitude de seguidora em outros produtos onde o factor novidade não está tão presente (rede de trilhos pedestres, valores ambientais)», afirmam.

Reportagem publicada no Diário do Minho, de 19 de Abril de 2010. Mais fotos aqui.