segunda-feira, 25 de maio de 2009

Redes sociais são instrumento de aproximação aos jovens


O professor da Universidade do Minho Luís Santos considera que a Igreja dever usar instrumentos como as redes sociais para manter a ligação aos adolescentes e jovens. «Muitas das queixas que se fazem relativamente à Igreja têm a ver com o seu eventual afastamento do mundo real. Estes passos, que felizmente não implicam grandes custos financeiros, ajudariam a quebrar essa ideia de falta de proximidade às preocupações concretas, às vivências reais dos adolescente e jovens», afirma.

O docente salienta que a Igreja tem de «ver onde é que as pessoas estão», não se podendo confinar à presença nos órgãos de comunicação que possui. «A Igreja tem uma ligação tão profunda com os adolescentes e jovens, pelo que poderia aproveitar a presença na Internet para a dinamização de grupos ou para a integração nas redes sociais que os jovens já têm», sustenta.

O antigo jornalista explica que, ao entrar nestes meios, é preciso resistir à tentação de «entrar para dominar», especialmente porque estas comunidades percebem facilmente quem marca presença por uma questão de oportunismo. «A atitude correcta é perceber como é que o meio funciona e entrar nele participando, dando contributos que geralmente são valorizados pelas comunidades», aconselha.

O investigador refere que a manutenção dos projectos ao longo do tempo é outro dos desafios. «Fazer as coisas esporadicamente é melhor do que não fazer, contudo é bem melhor reflectir sobre o contributo que aquela ferramenta pode dar e ter uma presença consistente. E a consistência dá trabalho, porque criar um blogue ou uma conta no Twitter demora poucos minutos», argumenta.

Questionado sobre se, depois de a agência ACIPrensa ter criado uma conta no Twitter para difundir as notícias relacionadas com o Santo Padre, é expectável ver Bento XVI a “tuitar”, Luís Santos diz que isso seria «muito interessante», assim como a sua participação numa conversa “online”.

«João Paulo II fez coisas que outros Papas não tinham feito antes e, para aquela época, foi revolucionário. Não vejo nenhum problema em que o Papa, em 2009, tente enquadrar-se no mundo em que vive e aí querer ter uma voz activa», afirma o académico.

O especialista em Ciências da Comunicação considera que uma iniciativa desse género «será mais problemática se for para dar um título de jornal». «Se for feito de forma consistente e se for um projecto em que o Papa e os seus conselheiros acreditem, parece-me interessante», revela Luís Santos.

Em relação aos meios de comunicação social da Igreja, o professor universitário considera que eles devem dar o exemplo, «num momento em que se sente intranquilidade, nervosismo e algum exagero nas propostas de alguns órgãos de comunicação».

«Os meios de comunicação social da Igreja podem ter um papel muito importante, não apontando o dedo, mas funcionando como exemplo. Se há algo pelo qual os órgãos de comunicação da Igreja se podem diferenciar é pela forma como tratam os assuntos», sustenta.

O investigador acrescenta que gostaria de ver os “media” da Igreja a «integrar os contributos da comunidade», rentabilizando esse enorme potencial que existe. «É algo que ainda não está a ser feito convenientemente em Portugal. Os órgãos da Igreja aí até poderiam ser pioneiros», assevera.

[Publicado no Diário do Minho, 18 de Maio de 2009]

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