Habituados a viver acontecimentozinhos, hoje vamos viver um Acontecimento que ficará para a nossa história colectiva, com consequências que só o tempo dirá.
Ainda antes da cerimónia do Brexit, hoje, em Londres, estão bem vivos na nossa memória os últimos instantes de alguns eurodeputados britânicos no Parlamento Europeu.
Acredito que muitos, depois de um momento de vergonha alheia, terão sentido um enorme alívio por não serem os nossos representantes.... Só que nada nos garante que, um dia, alguém não fará o mesmo em nosso nome...
Na falta de grandes estadistas, temos assistido à proliferação dos populistas. «There is a battle going on, in the west and elsewhere. It is globalism against populism. And you may loathe populism, but I’ll tell you a funny thing, it’s becoming very popular», disse Nigel Farage no Parlamento Europeu. E sabe do que fala. Ignorar esta realidade não terá, certamente, bons resultados.
Há quem ache que depois da saída do Reino Unido, tudo ficará igual. Com mais ou menos discussão sobre o que vai acontecer depois do período de transição, business as usual...
O problema desta visão optimista é que o projecto europeu está longe de ser perfeito. A questão central é saber se terá capacidade de se reinventar depois de alargamentos atrás de alargamentos, mas sem nunca ter conseguido chegar ao coração dos europeus. Quantos estão dispostos a defender a sua pátria e quantos estão dispostos a lutar pela bandeira das estrelinhas?
A conferência sobre o futuro da Europa é um momento crucial, mas nada mudará se for usada a fórmula habitual: meia dúzia a falar com outra meia dúzia para depois dar em nada de substancial.
Por estes dias, o apelo “leave the light on” levou-nos até ao imaginário dos ideais europeus, de união, solidariedade e esperança. Contudo, com o actual cenário, e se nada for feito, se continuar a não haver "chama" e "alma", a pergunta mais realista é “quem é o próximo”?
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